Friday, January 30, 2009

É só começar


No terceiro dia do Fórum Social Mundial em Belém o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma importante declaração. Disse que vai anistiar os mais de 50 mil imigrantes estrangeiros que vivem no país. Para ele o Brasil deve dar o exemplo a outros ricos países europeus, lembrando que recebemos sempre todos com respeito desde 1850, quando chegaram os italianos, espanhóis, alemães e etc.

Falou mais, disse que as pessoas pobres do mundo não podem e nem devem andar por ai feito nômades. Na opinião do presidente se os pobres forem proibidos de trafegar pelo mundo e apenas a América Latina e a África os aceitarem, resta desenvolver esses dois continentes para acolher essas pessoas.


Talvez possamos mesmo servir de modelo. O Brasil é um país no qual o estrangeiro sempre foi bem recebido ao longo dos anos. Os europeus e asiáticos vieram de seus países com “uma mão na frente e outra atrás” e com muito esforço venceram as dificuldades aqui no Brasil. Nada mais correto do que o raciocínio adotado pelo presidente, apesar, de eu ser contra essa dicotomia de separar o mundo em duas espécies de indivíduos: os ricos e os pobres.


Na realidade não é uma briga de classes. O que precisa mudar no mundo é o olhar, que precisa se transformar em algo mais compassivo. Temos de acolher os outros, temos de nos acolher, temos de nos transformar em uma infinita fonte de bondade se quisermos ver uma verdadeira revolução no mundo. Não é tarefa simples e não depende de recursos financeiros, basta que todos nós sejamos ensinados a amar.

Amar não é um mero impulso, amar é acolher. Dar guarida quando alguém está necessitado da nossa ajuda, ser útil e mais tarde, num momento de dificuldade, também poder contar com suas boas relações. Não é apenas uma questão de diplomacia, ajudar ao próximo faz bem, eleva a energia e somente esse tipo de energia gerada de atos compassivos é capaz de mudar efetivamente o mundo.


Isso é o que chamo de vibrar em esferas mais altas e o meu querido Lama Samten chama de dar um nascimento positivo. Para nos elevarmos precisamos mudar nossa forma de olhar o mundo, acalmar a mente, perceber os condicionamentos como obstáculos e vence-los. Outra tarefa árdua, mas que passa por cima de meros julgamentos de posses materiais, origem, cor da pele, etnia, raça e tantas outras coisas usadas para fazer distinção e aumentar a ilusão.

Essa não é apenas uma visão budista do mundo, na realidade essa é uma visão compartilhada no âmago das mais diversas religiões já criadas. Todos os seres almejam se livrar do sofrimento, viver a vida em harmonia e assim encontrar a verdadeira felicidade. A verdadeira felicidade não surge apenas da simples satisfação de nossos desejos egoístas, ela surge quando somos compassivos, quando conseguimos ser benevolentes e assim nos elevamos.


Você lembra da última vez que ajudou alguém? Você ouviu uma história de alguém que precisava desabafar, levou um rancho para a casa de um parente que estava passando necessidade, doou um par velho de tênis para um mendigo que bateu na porta da sua casa, seja lá o que você tenha feito, você lembra da sensação? Lembra do olhar de gratidão e de como aquilo preencheu seu peito e o deixou feliz?


Essa é a caridade cristã, a compaixão budista, o princípio da Kaballah judaica e de tantas outras tradições religiosas. A roda dos ensinamentos está constantemente girando, esperando que você também entre nessa mandala, que você também se eleve, custa alguma coisa tentar?

Fraternidade entre os países já! Não existem nações, existe um planeta e existem pessoas. Existem seres sencientes, outras formas de vida, que também precisam da nossa atenção e carinho. É só começar.

A matéria sobre a fala do Lula na íntegra: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u496527.shtml

Na foto a deusa chinesa da compaixão Kuan Yin.

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