Wednesday, January 14, 2009

Nascimento e transformação



Várias transformações estão ocorrendo nos mais diversos setores da minha vida. Passei cinco dias em um retiro budista e pude constatar que o caminho para atingir a iluminação é algo tão pessoal, que requer tanto estudo e tanta prática que nem sei mais de quantas vidas eu vou precisar para que algo assim aconteça comigo.

O melhor desses cinco dias foi receber os ensinamentos diretamente do Lama Padma Samten, o professor que me ensina sobre a vida com uma nova visão, me fala sobre as paisagens que criamos e de como dar nascimento positivo às coisas, situações e pessoas. Engraçado, convivi com ele por anos a fio, visitando de vez em quando o templo em Viamão (onde fiz uma série de fotos chamada Zen) e outras como repórter acompanhando a situação dos moradores do Castelinho (comunidade carente ao lado do Centro Budista, que trabalha com eles questões de saúde e incentivando nascimentos positivos) mas nunca tinha parado para escutar seus ensinamentos. Estou arrebatada, sinceramente arrebatada.

O que é dar um nascimento positivo? É ver o mundo com os olhos da compaixão. Ao invés de olhar para uma pessoa pela qual não simpatizamos e sair fazendo julgamentos, damos uma virada de 360° na nossa visão. Dessa forma a pessoa renasce, suas qualidades mais preciosas afloram e nosso nível de relacionamento com ela se eleva e assim tudo se expande, entrando numa mandala elevada.

Essa entrada na mandala é chamada também de experiência de Shamballa. Nessa experiência o melhor de mim se relaciona com o melhor de você e dessa maneira conseguimos ter um pequeno gosto de estar em uma Terra Pura, que no conceito budista seria experimentar uma pequena parte da natureza infinita dos seres, fora do Samsara, a roda da vida governada por Maharaja ou Mara, para os mais íntimos.

Estar no Samsara é estar inconsciente e aprisionado em nossos mundos, nos distraindo do verdadeiro caminho, que na visão budista seria a busca pela estabilização dos pensamentos, seu domínio e, quem sabe, atingindo assim a iluminação. Iluminar-se não seria apenas encontrar com o seu EU superior, como muita gente de outras doutrinas espirituais está familiarizado. Acredito que é dar um passo além, entrar em contato com essa energia superior e após esse momento virar um só com ela.

Saí desse retiro budista renovada. Prometi ao Lama que agora eu seguiria por esse caminho, mas, claro, sem nunca largar minhas raízes daimistas e umbandistas, que em outra conversa que eu tiver com vocês vou mostrar que não estão assim tão distantes de muitos ritos budistas. Tem até um cara no Recife que tem um terreiro todo ele enfeitado como se fosse um templo budista, fazendo um mix de culturas extremamente interessantes. Ainda vou, com certeza, dar um pulo por lá.

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