Thursday, February 19, 2009

Shiva


É com muito prazer que digo que esse Deus da foto ao lado, Shiva, não larga do meu pé, ainda bem por isso! Quem nesse mundo tem tamanho privilégio? Algumas poucas pessoas que despertam para esse tipo de entendimento, acredito.

Nosso relacionamento começou a uns oito anos atrás, quando eu comecei a entrar no universo do Yoga, o qual se atribui a ele o início da prática no nosso mundo. Bom, de lá para cá o fato de ter me tornado uma shivaísta de forma espontânea e natural aconteceu na minha vida, foi uma entrega, algo que não pude controlar.

Mesmo que eu frequente as mais diferentes religiões, que eu avance nos meus estudos budistas e nas minhas práticas xamânicas, lá está Ele, guiando meu caminho, uma força poderosa e sem explicação racional dentro do meu mundo. Até em sonho seu touro Nândi já me salvou de um ataque! Sim, foi logo após eu travar uma discussão com um amigo Hare Krishna, que insistia no seu ponto de vista distorcido de que Shiva era apenas um semi-deus. Da onde ele tirou essa bobagem eu não sei.

Fiquei um tanto afastada de Shiva nesses últimos meses. Minha prática de Yoga era zero, lá de vez em quando ainda fazia uns pranayamas, umas posturas, mas nada diligente como deve ser. Tapas (= auto-superação) passava longe da minha vida acomodada.

Bom, não é que de repente o Yoga voltou com tudo na minha vida? Uma força enorme, uma vontade de ir além, que foi despertada durante um retiro budista. Sei que budismo e hinduísmo estão longe de serem a mesma filosofia, mas um é permeado pelo outro por causa de sua convivência e nascimento na sagrada região da Índia.

Pratiquei muito Yoga no retiro, até porque senão meu corpo não iria aguentar as horas e mais horas de meditação. Foi nesse momento que notei que meu corpo e minha mente estavam intoxicados. Estava gorda, inchada, mau conseguia sentar com as pernas cruzadas! Eu, pensava, uma ex-professora, que já estava a ponto de descansar na posição de lótus! De vez em quando é bom ficar com o ego insultado, voltei as minhas práticas com força total!

Para a minha alegria fui pesquisar qual dia do ano aconteceria o Maha Shivaratri, e claro, acabei descobrindo que esta mais próximo do que eu imaginava, cai agora, dia 23 de fevereiro. A noite de Shiva é uma celebração muito bela na Índia, todos se reúnem para comemorar, cantar mantras, fazer preces auspiciosas e pujas - oferendas de flores, incensos e comidas.

Ou seja, ainda bem que Lorde Shiva não larga do meu pé! Fico sempre impressionada com as suas demonstrações de carinho, se é que se pode chamar assim, por quem gosta Dele. Eu sempre me surpreendo, vai além da minha compreensão intelectual e por isso me entrego de coração a essa energia linda, que invadiu minha vida e irradia para todo o sempre. OM NAMAH SHIVAYA!

P.S.: A novela da Glória Perez está de parabéns. É tão legal ver o hinduísmo na TV, agora meus parentes vão compreender melhor e me deixar em paz. A matriarca da família, que é umbandista, ficou feliz em ver que as práticas se parecem, para não dizer que em alguns momentos são as mesmas!

Tuesday, February 17, 2009

A voz indígena


Uma vez eu entrei em estado de graça e recebi uma miração muito bonita. Nela me foi comunicado que eu poderia fazer parte das vozes que falam em defesa da América Latina e de seus povos originais. As pessoas indígenas e não populações, como os cientistas brancos gostam de afirmar, precisam ser ouvidas, tentam ser ouvidas, mas quase nada é feito para colocar em prática aquilo que eles dizem.

A América Latina é e sempre foi muito maltratada. Qualquer um que tenha lido As Veias Abertas da América Latina do grande escritor uruguaio Eduardo Galeano, sabe do que eu estou falando. Assim como diz a música dos Racionais – desde o início por ouro e prata, olha quem morre, veja você quem mata – a exploração parece não ter fim.

Enquanto muitas pessoas forçadas a trabalhos escravos morriam ou se suicidavam junto com sua família para se defender dos abusos, os colonizadores europeus ficavam cada vez mais ricos. Desde épocas distantes, como a exploração desenfreada das jazigas de ouro e prata do Peru, o panorama não tem sido diferente. Ainda somos considerados meros brinquedos, peças em um tabuleiro para os nossos colonizadores, que ainda hoje estão no poder.


No ano de 1992 os povos indígenas resolveram se manifestar e aproveitaram o encontro do Rio 92, que tinha como tema a preservação do Planeta. Quanto tempo foi dado ao pronunciamento dos indígenas? Meros cinco minutos. Revoltante! Mais revoltante ainda é olhar as pessoas na platéia, todas engravatadas e com ares de poucos amigos. Uma tremenda falta de respeito!


Em 1997 foi lançado o documentário Yakoana – The voice indigenous peoples, que claro, não é conhecido do grande público. Por isso vou postar o link aqui no blog caso alguns de vocês tenham interesse: http://video.google.ca/videoplay?docid=2774943764325421300

Eu sempre tive um laço muito grande com os indígenas. Quando era pequena fiquei amiga de um índio do Mato Grosso do Sul que era escritor e passava as férias na casa da minha tia Cici, que é ex-presa política (aliás, como eu admiro essa mulher). Bom, com 10 anos fiquei a par da real situação do índio no nosso país. Lembro que o que mais me impressionou no seu relato foi à afirmação de que para os índios não existe tal coisa como propriedade e por isso muitos jovens estavam se matando enforcados por não saber viver a vida nesses termos. Chocante, triste e real.

No dia que tive essa miração me senti como dando um passeio por dentro de toda essa cultura ancestral, com uma forte identificação de pertencimento. Ouvi como uma espécie de barulhos vindos da floresta, com os quais eu já estava habituada, mas o que vi foi tão belo que mal consigo descrever. Lembro de a partir dali ter assumido um compromisso de mensageira, de porta voz, algo que eu já me prestava a fazer muito antes disso. As visões foram apenas confirmações.

Agora estou num período de recolhimento e aproveitando para me instrumentalizar, de todas as formas, inclusive com informações. Gerando energia para em breve enfrentar novas batalhas em prol do fim dos preconceitos e das injustiças, mesmo que isso seja utópico ou idealista, ideais elevados sempre tem um grande poder de prover nem que seja a menor das mudanças. Ou não, mas a gente continua tentando.

Wednesday, February 11, 2009

Entrando na mandala


Atualmente existem alguns movimentos interessantes acontecendo comigo. Estou na iminência de mudar meu rumo profissional, na iminência de mudar fisicamente e em todas as outras áreas da minha vida. Com a prática mais intensa do budismo, incluindo ai a meditação e os 5 ritos tibetanos, minha visão de mundo ampliou.

Não sinto mais o cansaço que antes tomava conta do meu corpo. Minha energia não mais diminuiu, agora quando sinto que isso está prestes a ocorrer aprendi como me defender desses “ataques psíquicos”. Aprendi, mas isso não quer dizer que tenha dominado. O mais interessante é que está claro que o que deve ser feito é o seguinte: procurar mudar a paisagem.

Mudar a paisagem é o que o meu querido Lama Samten fala sobre elevar a visão. Geralmente nos prendemos a uma determinada paisagem e nos condicionamos a agir dentro daquele modelo de mundo. Se gostarmos de interpretar o papel de vítima enxergamos o mundo e nossa relação com os seres apenas nesse nível e operamos assim, meio que no automático.


Quando desenvolvemos um refinamento da mente, quando os pensamentos começam a ficar um pouco mais organizados, acessamos uma certa clareza. A partir desse momento conseguimos operar a partir dessa sabedoria interior, desenvolvendo uma visão elevada, o que no livro A Mandala de Lótus, o Lama Samten chama de entrada na mandala.


O conceito de mandala é antigo, bonito e interessante. Desde que aprendi que existem outros universos que estão constantemente disponíveis de serem acessados não temo mais ficar congelada na minha negatividade. Caso tenha feito uma má ação, algo que prejudique a mim e a aos outros seres, sempre terei infinitas oportunidades de me redimir, todos nós temos.


O motivo disso? Porque nada nesse universo é estático, somos energia, nos movimentamos dentro das infinitas mandalas como tal, como elétrons dentro de um átomo. Adentrando nos domínios da física quântica esse conceito fica fácil de ser compreendido. Durante muitos anos os cientistas chegaram a conclusão que o comportamento do elétron pode ser previsto apenas quando na presença de um observador. Fora isso ele, quando não está sendo “observado” age de maneira completamente adversa a esperada.


Somos também elétrons. A todos os momentos estamos nos associando com uma ou outra energia. Através dessas escolhas vivenciamos aquilo que consciente ou inconscientemente escolhemos. Por isso o sofrimento e a felicidade são apenas caminhos para se experimentar as emoções dessa vida. Um Buda, um ser que trabalha a nível mais elevado, passa pelos tormentos do mundo intocável, porque ele não opera mais no mundo das emoções.


Posso estar distorcendo os ensinamentos, mas, correndo esse risco, penso que um Buda opera no mundo através da compaixão. Agindo assim para que suas ações busquem beneficiar todos os seres. Dentro do budismo Mahayana isso é chamado do caminho do Bodisatva. O Bodisatva é como o que nos acostumamos a chamar de super-herói, um guerreiro espiritual, alguém que busca sempre dirigir a própria mente e beneficiar os seres.


Bodistava, palavra linda cheia de significados. Ninguém precisa ser budista para ser um Bodisatva. Quantos deles vocês não conhecem? Desde celebridades até anônimos que desfilam nos noticiários e até mesmo as pessoas com as quais nos relacionamos, o mundo, ainda bem, está cheio deles. Incansáveis, felizes por colocar um sorriso no rosto dos outros, preservando o planeta, sempre prontos para ajudar. Quem não almeja um dia ter o desprendimento de trilhar esse caminho?


Na foto o meu querido Lama Padma Samten!

Saturday, February 7, 2009

Refugiados


Parece que a lei da impermanência segue sua rota. Até o Dalai Lama passa por poucas e boas, agora é enfrentando um dilema cruel... Quem vai sucedê-lo como líder da causa tibetana?

Vejam só que a questão abrange não só os tibetanos budistas, mas também todo um povo que tem na figura de Sua Santidade o Dalai Lama um representante máximo.
Os chineses se intrometem tanto que agora querem decidir quem será sua próxima encarnação, tentando continuar seu domínio e expansão pelas terras tibetanas.

Vejam só, acontece que o controle chinês está indo além do plano físico e também querendo influir no plano religioso da questão. Não pensem vocês que eles não se importam energéticamente em ter algum tipo de poder astral, claro que sim, são uma cultura milenar e sabem muito bem como funcionam as leis do universo!
Só sei que o Dalai Lama está cada vez mais velhinho e que o tempo está passando com uma velocidade impressionante.

Não podemos nos abater e nem nos apegar a figura de ninguém, mas devemos sim fortalecer nossas lideranças para que a paz ainda tenha esperança de sobreviver no mundo. Os tibetanos não podem continuar sendo ignorados pela sombra da expansão prodigiosa dos chineses. Assim com tantos outros refugiados do mundo inteiro, o mundo precisa lembrar dessas pessoas que estão no Tibete, na África, no oriente e em tantos outros lugares perdidos nesses confins.


O mundo precisa de uma mudança e de voluntários. Alguém se habilita?


http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL990729-5602,00-DALAI+LAMA+ENFRENTA+TRADICAO+E+PRESSAO+POLITICA+EM+BUSCA+DE+SUCESSOR.html

Friday, January 30, 2009

É só começar


No terceiro dia do Fórum Social Mundial em Belém o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma importante declaração. Disse que vai anistiar os mais de 50 mil imigrantes estrangeiros que vivem no país. Para ele o Brasil deve dar o exemplo a outros ricos países europeus, lembrando que recebemos sempre todos com respeito desde 1850, quando chegaram os italianos, espanhóis, alemães e etc.

Falou mais, disse que as pessoas pobres do mundo não podem e nem devem andar por ai feito nômades. Na opinião do presidente se os pobres forem proibidos de trafegar pelo mundo e apenas a América Latina e a África os aceitarem, resta desenvolver esses dois continentes para acolher essas pessoas.


Talvez possamos mesmo servir de modelo. O Brasil é um país no qual o estrangeiro sempre foi bem recebido ao longo dos anos. Os europeus e asiáticos vieram de seus países com “uma mão na frente e outra atrás” e com muito esforço venceram as dificuldades aqui no Brasil. Nada mais correto do que o raciocínio adotado pelo presidente, apesar, de eu ser contra essa dicotomia de separar o mundo em duas espécies de indivíduos: os ricos e os pobres.


Na realidade não é uma briga de classes. O que precisa mudar no mundo é o olhar, que precisa se transformar em algo mais compassivo. Temos de acolher os outros, temos de nos acolher, temos de nos transformar em uma infinita fonte de bondade se quisermos ver uma verdadeira revolução no mundo. Não é tarefa simples e não depende de recursos financeiros, basta que todos nós sejamos ensinados a amar.

Amar não é um mero impulso, amar é acolher. Dar guarida quando alguém está necessitado da nossa ajuda, ser útil e mais tarde, num momento de dificuldade, também poder contar com suas boas relações. Não é apenas uma questão de diplomacia, ajudar ao próximo faz bem, eleva a energia e somente esse tipo de energia gerada de atos compassivos é capaz de mudar efetivamente o mundo.


Isso é o que chamo de vibrar em esferas mais altas e o meu querido Lama Samten chama de dar um nascimento positivo. Para nos elevarmos precisamos mudar nossa forma de olhar o mundo, acalmar a mente, perceber os condicionamentos como obstáculos e vence-los. Outra tarefa árdua, mas que passa por cima de meros julgamentos de posses materiais, origem, cor da pele, etnia, raça e tantas outras coisas usadas para fazer distinção e aumentar a ilusão.

Essa não é apenas uma visão budista do mundo, na realidade essa é uma visão compartilhada no âmago das mais diversas religiões já criadas. Todos os seres almejam se livrar do sofrimento, viver a vida em harmonia e assim encontrar a verdadeira felicidade. A verdadeira felicidade não surge apenas da simples satisfação de nossos desejos egoístas, ela surge quando somos compassivos, quando conseguimos ser benevolentes e assim nos elevamos.


Você lembra da última vez que ajudou alguém? Você ouviu uma história de alguém que precisava desabafar, levou um rancho para a casa de um parente que estava passando necessidade, doou um par velho de tênis para um mendigo que bateu na porta da sua casa, seja lá o que você tenha feito, você lembra da sensação? Lembra do olhar de gratidão e de como aquilo preencheu seu peito e o deixou feliz?


Essa é a caridade cristã, a compaixão budista, o princípio da Kaballah judaica e de tantas outras tradições religiosas. A roda dos ensinamentos está constantemente girando, esperando que você também entre nessa mandala, que você também se eleve, custa alguma coisa tentar?

Fraternidade entre os países já! Não existem nações, existe um planeta e existem pessoas. Existem seres sencientes, outras formas de vida, que também precisam da nossa atenção e carinho. É só começar.

A matéria sobre a fala do Lula na íntegra: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u496527.shtml

Na foto a deusa chinesa da compaixão Kuan Yin.

Tuesday, January 27, 2009

Sob as bênçãos do Sol


Engraçada a sincronia, o primeiro eclipse solar do ano só pode ser visualizado da ÍNDIA (e em algumas partes da Ásia) e aconteceu no primeiro dia do ANO NOVO CHINÊS. Sim, dois detalhes super importantes para a construção da história. O primeiro porque a Índia é um local super sagrado com todo o seu panteão de Deuses, religiões e costumes. O segundo, o ano novo chinês, pelo mesmo motivo já citado no caso da Índia e também porque esse ano inicia o ano do BOI.

Qual será a energia do ano do boi? Bom, li um artigo na internet falando que os grandes impérios construíram seus castelos sob bolhas de sabão e, portanto, eles devem em breve perder sua sustentação. Aliás, como já vem ocorrendo devido à crise econômica mundial. Isso quer dizer que o ano do BOI marca o fim da ilusão.

Como acontece o fim da ilusão? Bom, ao meu ver é quando a claridade toma conta daquilo que está obscurecido tanto no individual quanto no coletivo. Os mais desavisados e individualistas não podem nunca esquecer que ninguém se ilumina sozinho. Portanto, muita paciência, compaixão e humildade para os outros que ainda não começaram a trilhar um caminho mais elevado.

A humanidade perceberá quanta bobagem tem feito ao despejar todo seu valor baseando-se apenas em acúmulo financeiro. Agora que muitos estão perdendo seus empregos, parando de encher os bolsos de pessoas que ganham até 100 vezes o seu salário, eles podem perceber o que andavam fazendo.

O que eles andavam fazendo? Iludindo-se, consumindo desenfreadamente, destruindo ainda mais a biosfera, não tendo tempo para cuidar do espírito e nem de suas relações com os outros. Diz um ditado taoista que para construir algo é necessário primeiro destruir algo. Logo, o ano do boi será um ano de abandonar velhos condicionamentos e construir uma natureza mais ilimitada para viver de acordo com o novo tempo.

Nesse novo tempo nossos valores não serão mais medidos pelos valores de mercado. Tudo se transforma em uma sociedade que ao invés de emergir para a violência começa aos poucos a se dar conta de que não adianta guerrear para continuar alimentando os mesmos poderosos para que estes continuem exercendo seus jogos. O melhor a fazer agora é cuidar de si, de suas relações e vibrar em esferas mais altas.

Esse é o tempo das coisas que não podemos comprar. De acordo com o Dalai Lama exista uma coisa que o dinheiro não pode comprar e essa coisa se chama AFETO. Podemos ter a blusa da última coleção do Alexander McQueen, podemos comprar um Nike Air modelo retrô direto de uma loja no Japão, mas nada disso vai substituir o amor, carinho e compreensão que apenas as pessoas que você conquistou durante a vida podem lhe dar.

Monday, January 26, 2009

Eclipse do Sol


Lua passa entre o Sol e a Terra durante eclipse que pôde ser visto em Bandar Lampung, na Indonésia, nesta segunda (10h02).

Sim, hoje, segundo a doutrina budista todas as nossas ações se ampliam mais de um milhão de vezes. Uau, ótimo para acumular méritos, tô até enjoada!